segunda-feira, 23 de junho de 2014

Contaminação ameaça Vila Carioca em SP

Fonte: http://zonaderisco.blogspot.com.br/2012/04/contaminacao-toxicas-ameaca-vila.html
RESUMO


Uma área equivalente a pelo menos 25 campos de futebol na Vila Carioca foi contaminada por borras tóxicas enterradas na década de 70 pela Shell. 

As borras são o resultado da lavagem dos tanques de combustíveis. Após a lavagem, a sujeira era enterrada ao lado dos tanques o que na época era permitido por lei.


Essas borras, entretanto, penetraram no solo e se espalharam pela área, contaminando a terra e os lençóis freáticos com metais pesados e derivados de petróleo, como o benzeno. 

Além disso, a Shell Química, anexa à base de combustíveis, é acusada de ter poluído o solo com restos de pesticidas.


CRONOLOGIA DO EVENTO 

1. A presença dos poluentes no local foi inicialmente constatada e denunciada em 1993.

2. Em 2002, nove anos depois, não se sabe ainda a real amplitude dos danos, e as medidas de recuperação adotadas não foram suficientes para garantir a integridade física das pessoas nem do ambiente. 

3. Em março de 2002, a contaminação é alvo de uma ação civil pública proposta pela Promotoria de Meio Ambiente da Capital, na qual são réus a Shell e a Cetesb (agência do governo paulista responsável pela fiscalização e pelo controle ambiental). 



4. Relatório do engenheiro Élio Lopes dos Santos, especialista do Ministério Público, que motivou a ação, informa que, ao contrário do que sustentaram a empresa e a Cetesb, há risco, sim, para moradores da vizinhança e funcionários. 

5. A ação do Ministério Público pede, entre outras coisas, que todos os que venham a ser afetados pela poluição sejam indenizados, inclusive por danos morais. 

6. "A proposta e ações de controle da empresa Shell limitam-se a remover focos de disposição de resíduos perigosos, deixando o decaimento dos poluentes presentes nas águas subterrâneas por conta da natureza (...). 

7. Na avaliação do promotor, faltou "pulso firme" à agência ambiental para forçar uma maior agilidade na resolução dos problemas, dado o risco latente que a contaminação representa. 

8. Até 2003, a Shell promete concluir a remediação da contaminação ambiental causada por sua base de estocagem de combustíveis. 

9. Se o prazo de descontaminação for cumprido, terão se passado dez anos desde que o caso foi denunciado ao Ministério Público. 

10. Na avaliação da Cetesb, a demora na solução do problema pode ter contribuído para que os poluentes atingissem os lençóis subterrâneos. 

11. Até agora, as medidas de descontaminação se resumiram à retirada e incineração de cerca de 2.500 toneladas de terra. Para recuperar a área, a empresa ainda precisa retirar e queimar outras parcelas de solo e terá de conter e eliminar os poluentes da água. 

CONTAMINAÇÃO DO LOCAL 

Tudo começou quando o laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) apontou a concentração de 220 mg de chumbo por quilo de solo na área onde são armazenados os combustíveis. 

Valor considerado superior a 16 vezes o estimado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, que é de aproximadamente 13 mg/ kg. 

EFEITOS DO CHUMBO NO ORGANISMO 



A contaminação pode causar dores de cabeça, abdominal e nas articulações, fadiga, sonolência e irritabilidade. Crianças e fetos podem ter danos cerebrais. 

CONTAMINAÇÃO DO LENÇOL FREÁTICO 

Em março de 2002, foi constatada a contaminação das águas subterrâneas da região por benzeno, tolueno, xileno, etilbenzeno, chumbo e outros metais pesados – todos substâncias tóxicas, com propriedades cancerígenas e que causam danos à saúde mesmo em concentrações baixas. 

SHELL DESCARTA RISCO À SAÚDE, CETESB  NÃO 

A Shell Brasil e a Cetesb têm avaliações diferentes sobre o risco à saúde de trabalhadores e da população: a empresa descarta a possibilidade; mas a agência não. 

SOMENTE ESTUDOS PODEM DIMENSIONAR O PERIGO DE CONTAMINAÇÃO 

Especialistas em toxicologia afirmam que o risco à saúde de trabalhadores da Shell e moradores do entorno da área da empresa só podem ser descartados quando for completada a análise ambiental e feito um estudo epidemiológico na região. 

ÁREA AFETADA E POPULAÇÃO LOCAL 

A estimativa da Promotoria é que até 30 mil pessoas possam ter sido ou vir a ser afetadas num raio de 1 km a partir da unidade da Shell. 

A SHELL NÃO ASSUME A CULPA 

No entanto,  admite que há borras de drins no terreno que lhe pertenceu. A empresa realiza estudos na área, mas diz que, se for responsável, já tem tecnologia para tratá-la até 2003. 

A Shell sustenta que os estudos ambientais realizados não apontam perigo para a população vizinha, mas não descarta fazer exames de saúde na região. 

LAUDO DA CSD-GEOCLOK, MOSTRA QUE PESTICIDAS E CHUMBO FORAM ENCONTRADOS NA ÁGUA SUBTERRÂNEA DE ÁREA RESIDENCIAL DA VILA CARIOCA 

O relatório "Avaliação Ambiental e Análise de Risco", concluído em setembro de 2000 pela CSD-Geoclok, empresa contratada pela Shell para avaliar e remediar o problema ambiental na Vila Carioca, mostra que pesticidas e chumbo foram encontrados na água subterrânea de área residencial da Vila Carioca. 

Segundo laudos da CSD-Geoclock, os moradores das áreas vizinhas poderiam ser afetados pela inalação de vapores orgânicos vindos do solo em ambientes externos e provenientes das águas subterrâneas. 

Os poluentes estão acima dos parâmetros também num ponto dentro da área da Shell que fica praticamente na fronteira com as casas mais próximas do local. 

BORRAS ENTERRADAS 

A presença do chumbo (usado como aditivo na gasolina) no local, se deve ao fato de a Shell ter, por cerca de 40 anos, enterrado no solo, sem nenhuma proteção, borras de combustível, que ficavam nos tanques de armazenamento após sua limpeza. 

Daí a existência ainda do benzeno e de seus derivados, produtos do refino do petróleo, e de metais pesados, presentes no óleo bruto. 

CONCENTRAÇÕES 

No poço de monitoramento da rua Colorado, em 2000 foi encontrado uma concentração de chumbo de 0,12 mg por litro, 12 vezes acima do padrão, que é de 0,01 mg por litro. 

Na mesma via, que dá acesso à base da Shell, foi medido 0,08 mg de chumbo por litro de água, oito vezes acima do limite. 

EXAMES MOSTRAM CONTAMINAÇÃO NA VILA CARIOCA 

Exames realizados em 28 moradores, reforçam a suspeita de contaminação causada por produtos químicos armazenados no depósito da Shell Distribuidora localizado no bairro. 

Os exames detectaram a presença de metais pesados no organismo das pessoas examinadas, acima de limites tolerados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como chumbo, alumínio, mercúrio e arsênio, alterações no sistema hepático (fígado) e no sangue das pessoas. 


POÇO ARTESIANO CONTAMINADO 



As águas de quatro poços artesianos na região da Vila Carioca, na zona sul, estão contaminadas por poluentes químicos provenientes das instalações industriais da Shell, onde funciona um depósito de combustíveis. 

"Agora temos certeza de que a contaminação ultrapassou o terreno da empresa", disse o diretor da Vigilância Sanitária para a cidade de São Paulo, Rui de Andrade Dammenhain. 

SHELL ADMITE CONTAMINAÇÃO NO SOLO DA VILA CARIOCA 

Em 27 de junho de 2002, o diretor da Shell do Brasil, José Cardoso Teti Filho, admitiu que o solo do depósito da Shell Distribuidora na Vila Carioca, zona sul da capital, está contaminado. 

Ele disse também que a empresa realizará os exames médicos nos moradores da região, caso eles sejam determinados pela Vigilância Sanitária. 


MORADORES DA VILA CARIOCA SÃO CADASTRADOS 


Em 11 de Julho de 2002, os moradores de 500 residências da Vila Carioca, num total de 2.500 pessoas, começaram a serem cadastrados com o objetivo de traçar um perfil do grau de contaminação ambiental provocado pelo terminal de combustíveis e pesticidas da Shell Química. 

Durante esse período, os moradores vão responder a um questionário para saber se estiveram expostos e, por quanto tempo, a contaminação e também será verificado se beberam água de poço ou se consumiram hortaliças plantadas nos quintais das casas. 


UM ANO DEPOIS - 2003 


Pouca coisa mudou um ano depois do surgimento das denúncias. O medo continua a fazer parte do cotidiano dos moradores do bairro, que ainda não sabem até que ponto podem ter problemas de saúde por causa dos materiais tóxicos que estão no subsolo. 

SHELL É DENUNCIADA POR POLUIR VILA CARIOCA EM 2 DE ABRIL DE 2004 

A Procuradoria da República em São Paulo denunciou a Shell por crime ambiental na Vila Carioca.

 A ação criminal, uma das poucas no país contra grandes companhias, foi proposta no dia 2 de abril de 2004. 

Ela enquadra a Shell no artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais, de 1998: causar poluição em níveis tais que possam resultar em danos à saúde humana. 


SHELL TERÁ DE PAGAR EXAMES PARA FUNCIONÁRIOS

Em 25 de janeiro de 2005, a Shell Brasil Ltda. comprometeu-se a pagar a realização de exames complementares para verificação de intoxicação em funcionários e ex-funcionários de sua base na Vila Carioca, contaminada por substâncias tóxicas. 

A empresa, no entanto, não garantiu o tratamento médico caso seja descoberto algum problema de saúde. 

APÓS 2 ANOS, EXAME NÃO É CONCLUÍDO

Mais de dois anos depois de ser revelada a maior contaminação de que se tem notícia na cidade de São Paulo, ainda não foi concluída a análise sobre a saúde dos moradores. 

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, responsável pelo levantamento, dos 890 moradores selecionados para o estudo, apenas 200 tiveram todos os exames previstos concluídos. 

SHELL AFIRMA QUE RELATÓRIO É INCONCLUSO

A Shell disse, após ter acesso ao relatório, não considerar que o estudo possa confirmar que a empresa tenha provocado a contaminação dos moradores. "Trata-se de um trabalho ainda preliminar e, dessa forma, inconcluso", disse a empresa, por meio de nota.


Material completo:

Depoimentos de ex-funcionários:




Desfecho do caso Shell/Basf (08/04/2013):




Caso Shell/Basf vai ser contado no cinema:




Trailer (2014) - O lucro acima da vida:



 

Texto adaptado de acordo com o interesse da pesquisa (metais pesados) - Informações referentes as intoxicações por pesticidas e suas consequências foram retiradas ao longo do texto, mas podem ser encontradas no site da Fonte da pesquisa.


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