quarta-feira, 18 de junho de 2014

Contaminação em Love Canal - EUA






Nas décadas de 70 e 80, os Estados Unidos foram o palco de um desastre ambiental de grandes proporções, capaz de influenciar a legislação do país para a responsabilização dos culpados por danos ambientais e recuperação das áreas degradadas (CLAPP, 2009).

A cadeia de acontecimentos teve início no ano de 1892 com William T. Love, com a idealização de um canal que conectasse as regiões mais altas às mais baixas do Rio Niágara, em Nova Iorque. 

A construção teve início, mas, em razão de incompatibilidades financeiras, jamais foi terminada (MUELLER, 2009). 

Em 1942, a área foi vendida à Companhia Hooker Electro-Chemical, que por onze anos lançou os resíduos químicos de suas atividades no canal, transformando-o em um aterro.

Foram lançadas cerca de 22 toneladas de produtos tóxicos, e quando o potencial de armazenamento de resíduos do local foi atingido, no ano de 1953, a área foi revestida para prevenir a entrada de água e coberta com solo (RICHARDSON, 1999; MUELLER, 2009).

Em 1954, a área do aterro foi vendida ao Conselho de Ensino da cidade, que utilizou o terreno para a construção de uma escola. 

Diversos foram os problemas decorrentes dessa construção e das demais edificações –residências, comércios, linhas de esgoto –, com consequente migração de alguns poluentes para a superfície e áreas ainda não afetadas (RICHARDSON, 1999; MUELLER, 2009).

Fato relevante citado por Richardson (1999) foi o desconhecimento da população, vivendo nas proximidades do antigo aterro, acerca da presença de substâncias tóxicas, causadoras das mais variadas enfermidades.





De acordo com Mueller (2009), diversos foram os relatos de abortos, crianças apresentando queimaduras e irritações de pele, verificação do adoecimento de plantas e animais, além do afloramento de toxinas nos porões e quintais das residências. 

No ano de 1978, a situação se tornou amplamente conhecida, e vários estudos passaram a ser realizados para a comprovação dos danos causados (GENSBURG, 2009). 

A escola foi fechada e foi declarado estado de emergência no local, com a realocação de cerca de 700 famílias ao final do processo (COLLIN, 2006).

As análises realizadas para a comprovação da situação em curso foram as mais diversas. Primeiramente, foram coletadas amostras do ar em porões e áreas de convivência dentro das casas nas proximidades do aterro (GENSBURG, 2009).

Em seguida partiu-se para análises toxicológicas do solo, da biota circundante, da água, dos materiais lixiviados e demais sedimentos. 

Foram ainda analisadas amostras coletadas em esgotos e valas de infiltração, bem como diversas pesquisas realizadas com sangue dos moradores da área. 

Ao final da análise, foram identificadas 239 substâncias tóxicas contaminantes do ambiente local, entre ácidos, pesticidas, metais pesados, benzenos e clorobenzenos, além de dioxinas. (GENSBURG, 2009; MUELLER, 2009; RICHARDSON, 1999).

Os dados obtidos permitiram a formação de um plano de gerenciamento de danos, conhecido como programa Superfund, o qual previa uma série de medidas capazes de conter e remediar a degradação no ambiente (MUELLER, 2009). 

Entre essas medidas estavam a limpeza de esgotos e incineração de elementos contaminados, bem como a manutenção constante da cobertura de argila protetora dos resíduos (BINNS, 2004). 

No ano de 2004, a Agência de Proteção Ambiental de Nova Iorque afirmou que a limpeza da área do Canal Love havia terminado. 

De acordo com o governo local, já é seguro o retorno residencial e comercial. Todavia, a área ainda precisa ser mantida sob monitoramento constante (COLLINS, 2006).

Texto adaptado.

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